terça-feira, 5 de maio de 2009

O dia em St. Adrião

Trabalhos do dia da Mãe



A quarta-feira passada foi dia de visita ao CAT. Como a visita já havia sido previamente marcada, tivemos a possibilidade de passar lá o dia.
De manhã estivemos com as crianças no CATL (Centro Acolhimento de Tempos-livres). A nossa visita foi, desta vez, muito pouco interventiva... As crianças estavam a fazer os trabalhos para o dia da mãe (aqueles que podem ver na fotografia) com uma estagiária, e por isso decidimos não incomodar e optar por apenas observar o que se passava.

Lá estavam cerca de 5 crianças, a estagiária de Animação sócio-cultural, duas estagiárias de Psicologia, nós e havia ainda "espaço" para uma reunião que decorria num cantinho da sala, reunião esta entre os responsáveis do CAT e do CATL. Planeamento de actividades talvez, não quisemos "meter o nariz".... Os trabalhos ficaram muito giros! Só tivemos a oportunidade de ver apenas o resultado final, uma vez que a maioria deles já haviam sido feitos quando chegamos.
A nossa presença não era praticamente notada, a intenção era mesmo essa. Evitamos os comentários (mesmo uma com a outra) e limitamo-nos a observar e a tirar notas.

Foi uma manhã normal, marcada apenas por um pequenos percalço que ia atrapalhando o trabalho das estagiárias, que a todo o esforço tentavam falar, isoladamente, com dois irmãos que lá se encontravam. O problema e que um deles decidiu fazer birra e não largava a irmã. Coisas de criança! Houve apenas um pormenor que nos despertou a atenção. A ameaça de que chamariam a mãe dos pequenos era frequente. A nossa curiosidade estava aguçada, queríamos perceber o porquê desta ameaça, mas claro que nem tocamos no assunto, era o trabalho delas, não iríamos interferir... Apraz-nos, apenas, dizer uma coisa, e fá-lo-emos porque este espaço nos permite fazê-lo, a forma como as estagiárias lidaram com a situação não nos pareceu, de longe, a melhor.

Falamos não enquanto profissionais do ramo - porque nem competência para tal temos-, mas sim com pessoas. Desde a atitude, passando pelo tom de voz e até as expressões faciais, tudo isto nos pareceu desadequado. Confessamos que a nossa vontade era mesmo intervir, uma vez que o nosso intuito de que conseguiríamos resolver tal situação era muito forte. Não o fizemos, mas não deixamos de lamentar o incidente e de reparar na falta de paciência e compreensão das ditas profissionais. Lá teriam as suas razões, preferimos acreditar que sim...
Os ânimos acalmaram, a hora de almoçar estava a aproximar-se, era a altura de irmos embora. Despedimo-nos das crianças e lá fomos tratar, igualmente, dos nossos estômagos para, de tarde, voltarmos à carga.

Eram cerca das 14:30h quando chegamos ao CAT. Fomos recebidas e, rapidamente, apressamos a montar todo o material. Era altura de recolher depoimentos do pessoal interno do CAT. Falamos com a Dra. Teresa Antunes (Coordenadora do CAT) e com o Dr. Ademar Correia (Psicólogo do CAT). A ambos fizemos as mesmas perguntas e pedimos que as respostas fossem dadas tanto enquanto profissionais, como enquanto pessoas. A ideia era perceber como se faz o balanceamento das questões, se existia algum tipo de dicotomia na profissão que exercem. Tentamos que a conversa não fosse demasiado formal, achamos que o resultado foi bom, melhor que isso, foi rico.
A visita da tarde foi breve, uma hora bastou para realizar o que queríamos.
Já falta pouco...:)

segunda-feira, 30 de março de 2009

A primeira visita!


Hoje, finalmente, fomos conhecer os "meninos" do CAT. Bem na realidade não foram bem meninos, uma vez que só lá estavam meninas!... Eram quatro e tivemos a oportunidade de conversar com elas, durante toda a tarde.

"Bombom", "Chocolate", "Pipoquinha" e "Soraia" são nomes fictícios mas não foram escolhidos ao acaso. Quando lhes dissemos que para as "protegermos" não iríamos (nem podíamos) utilizar o seus verdadeiros nomes, pedimos-lhes que escolhessem os nomes que doravante as identificaremos perante os leitores do nosso blogue e este foi o delicioso resultado:)

Tinham idades diferentes, 15, 12, 12 e 7 mas uma coisa tinham todas em comum: a curiosidade. A ideia da reunião era tentar perceber um pouco das personalidades delas, as histórias, as carências, etc mas quem ia acabando por ser "analisadas" éramos nós, que aos poucos e com a timidez a ficar para trás, fomos invadidas por um camião de perguntas, umas atrás das outras!

Cedemos, uma vez que consideramos que assim conseguiríamos conquistar a confiança delas, e quando demos conta já falávamos de tudo.

Prontificaram-se a responder a todas as perguntas que íamos colocando excepto a uma, o motivo pelo qual estavam a residir no CAT. "Ui isso não", disseram. Não insistimos. Concordamos que seria melhor não pressionar e, da maneira como nos estávamos a dar bem, elas iriam acabar por falar sem se sentirem obrigadas. Assim foi. Brincamos, ouvimos música, jogamos mikado e até tivemos direito a uma visita guiada pelas instalações e a uma lembrancinha da Páscoa.

Notava-se claramente que eram crianças diferentes, tinham as suas particularidades, contudo eram amorosas, trataram-nos super bem e ficaram entusiasmadissímas quando souberam que iríamos voltar.

Pois bem, amanhã já lá voltamos. Será tarefa complicada mantê-las afastadas da câmara (ficaram eufóricas quando souberam que iriamos levá-la) mas o objectivo será dar a conhecer em "bocas e imagens" todo aquele mundinho que elas hoje nos apresentaram e que, vá, já nos conquistou!...

quinta-feira, 26 de março de 2009

A autorização chegou...

Não foi por carta como esperamos, mas a autorização chegou...
Na passada quarta-feira fomos até ao Centro Cultural e Social de St. Adrião dizer que ainda não tínhamos recebido nada, que o semestre é curto e o tempo voa...
O nosso objectivo era tentar apressar um pouco a burocracia...mas quando chegamos à secretaria e pedimos informações à cerca do assunto descobrimos que já tínhamos "carta branca" para avançar. Tinha surgido apenas um pequeno problema, que fez com que ainda não tivéssemos sido informadas.
Sem queremos perder mais tempo, marcamos o nosso primeiro contacto com as crianças do CAT, que será na próxima segunda-feira, às 14horas.
E como estamos numa altura de deixar tudo marcado, também na próxima terça-feira, de manhã, vamos recolher imagens do centro, mostrar-lhe onde estas crianças passam os seus dias, os espaços onde convivem, entre muitas outras coisas.

Como este também se trata de um espaço reservado à opinião do grupo, não queríamos deixar de lamentar o facto de nos terem alertado, que para uma próxima vez não poderemos ficar com o equipamento de vídeo tanto tempo (vamos buscá-lo na segunda e entregar na quinta), com a excepção de haver um aviso prévio da docente.
Acreditamos que não haveria necessidade de tanta burocracia por apenas 4 dias, mas para a próxima já sabemos, não podemos trabalhar tanto numa semana :)

A Primeira Entrevista

O Dr. Alfredo Cardoso foi o nosso primeiro entrevistado. A entrevista teve lugar na C.M.Braga, ontem, pelas 15horas.
De "armas e bagagens", que é como quem diz de câmara, tripé e uma entrevista previamente preparada, lá fomos nós ao encontro do homem que desde o inicio do projecto nos cativou pela sua grande sabedoria acerca do tema e pelo facto de conhecer,muito bem, o panorama actual da cidade de Braga, no que diz respeito à oferta e às carências para as crianças assinaladas como de risco.
A entrevista foi deveras interessante, apesar de algumas problemas técnicos com os micros (algo que esperamos, seriamente, conseguir resolver na edição das imagens).
Pois, agora devem estar a perguntar-se: "E a entrevista onde está? Quando colocam no blogue?". Na verdade todo este trabalho será colocado online num outro blogue (no princípio de Junho já se encontrará disponível), mas apenas quando estiver tudo pronto.
Até lá terão que nos acompanhar por aqui... Contudo já sabem, qualquer questão, não hesitem em contactar-nos!

O projecto arrancou....

Neste caso as imagens falam por si...
Na tarde de quarta-feira dirigimo-nos até à Câmara Municipal de Braga com vista a marcar aquela que será a nossa primeira entrevista. O entrevistado por certo já vos será familiar, Dr. Alfredo Cardoso, o responsável pelo Gabinete de Apoio à Presidência da C.M.Braga, e quem nos foi apontado desde o inicio, como a pessoa que seria capaz de tirar todas as nossas dúvidas.
A entrevista ficou marcada para dia 25 de Março, às 15horas.
Depois da Câmara Municipal dirigimo-nos até à CPCJ.
A Dr. Fátima Soeiro é a presidente da Comissão Protecção de Crianças em Jovens de Braga, uma peça fundamental para o nosso projecto, pelo cargo que desempenha e que lhe permite conviver dia-à-dia com as crianças em risco.
A entrevista ficou marcada para dia 1 de Abril, às 15 horas.
A ambos agradecemos, desde já, a disponibilidade e a maneira tão acolhedora com que sempre nos receberam.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Leiam este e-mail...

Recebi hoje um e-mail que quero partilhar convosco.
Trata-se de um anúncio que foi premiado internacionalmente, mas que não passou na nossa televisão. Porque será? O conteudo do poema da criança de 3 anos, 'Meu nome é Sara', dá que pensar.... Aqui fica, para o lerem!
O meu nome é ''Sara''
Tenho 3 anos
Os meus olhos estão inchados,
Não consigo ver.
Eu devo ser estúpida,
Eu devo ser má,
O que mais poderia pôr o meu pai em tal estado?
Eu gostaria de ser melhor,
Gostaria de ser menos feia.
Então, talvez a minha mãe me viesse sempre dar miminhos.
Eu não posso falar,
Eu não posso fazer asneiras,
Senão fico trancada todo o dia.
Quando eu acordo estou sozinha,
A casa está escura,
Os meus pais não estão em casa.
Quando a minha mãe chega,
Eu tento ser amável,
Senão eu talvez levaria
Uma chicotada à noite.
Não faças barulho!
Acabo de ouvir um carro,
O meu pai chega do bar do Carlos.
Ouço-o dizer palavrões.
Ele chama-me.
Eu aperto-me contra o muro.
Tento-me esconder dos seus olhos demoníacos.
Tenho tanto medo agora,
Começo a chorar.
Ele encontra-me a chorar,
Ele atira-me com palavras más,
Ele diz que a culpa é minha, que ele sofra no trabalho.
Ele esbofeteia-me e bate-me,
E berra comigo ainda mais,
Eu liberto-me finalmente e corro até à porta.
Ele já a trancou.
Eu enrolo-me toda em bola,
Ele agarra em mim e lança-me contra o muro.
Eu caio no chão com os meus ossos quase partidos,
E o meu dia continua com horríveis palavras... '
Eu lamento muito!', eu grito
Mas já é tarde de mais
O seu rosto tornou-se num ódio inimaginável.
O mal e as feridas mais e mais,
'Meu Deus por favor, tenha piedade!
Faz com que isto acabe por favor!'
E finalmente ele pára, e vai para a porta,
Enquanto eu fico deitada,
Imóvel no chão.
O meu nome é 'Sara'
Tenho 3 anos,
Esta noite o meu pai *matou-me*.
Existem milhões de crianças que, assim como a 'Sara', são mortos e existem pessoas que, como o pai da 'Sara', vivem na nossa sociedade. Por favor, faz passar isto se fores contra o abuso das crianças.
(Fim do e-mail)
POIS!...

Sistematizar ideias...

Para não cairmos no erro de tentar fazer tudo e mais alguma coisa neste projecto, hoje foi dia de sistematizar ideias. Deixo-vos aqui uma lista do que vamos fazer concretamente:

  1. Reportagem escrita: um dia no CAT
  2. Perfil: “Um capitão diferente”
  3. Texto de opinião de um sociólogo sobre o tema
  4. Revista de Imprensa em formato audio: Noticias paralelas ao tema principal, que fazem a actualidade
  5. Entrevista de vídeo à Presidente da CPCJ, Dra. Fátima Soeiro
  6. Reportagem de vídeo sobre o papel da Câmara Municipal de Braga nestes processos
  7. Grande reportagem de vídeo com os técnicos do CAT (psicólogos, assistentes sociais, pessoal interno…)
  8. Infografia: Percurso de uma criança de risco, desde o momento da denúncia até à eventual entrada num orfanato.
  9. Galeria de fotos: várias instituições, em Braga, que prestam apoio a crianças
  10. Vox Pop em audio

Apresentação do Projecto II

No âmbito da Unidade Curricular de Projecto, em Jornalismo e Informação, o nosso propósito será desenvolver o tema Crianças em Risco. O desenvolvimento deste tema será circunscrito à cidade de Braga e, uma vez que aqui também existem várias instituições de apoio a crianças em risco e ser-nos-ia impossível acompanhar todas, reduzimos um pouco mais a margem do nosso projecto e iremos acompanhar o CAT (Centro de Acolhimento Temporário), existente nas instalações do Centro Cultural e Social de St. Adrião. Aqui residem 45 crianças a quem poderemos chamar Crianças em Risco. No entanto, convém desde já esclarecer o que entendemos por crianças em risco: — Crianças vítimas de maus-tratos; — Crianças em absentismo / insucesso escolar; — Crianças pertencentes a minorias étnicas; — Crianças de meios desfavorecidos; — Crianças integradas em famílias disfuncionais. As crianças em risco são as vítimas mais vulneráveis das várias fragilidades da sociedade actual. O conceito de família posto cada vez mais em causa, a crise económica actual, o aumento do número de divórcios e a falta de apoio a mães solteiras são algumas das fragilidades que fazem com que sejam as crianças quem mais padece. Trata-se de uma realidade muito próxima de nós, que o actual quadro social e económico propicia a desenvolver. Um outro motivo que nos leva à escolha do tema é a proximidade da entrega do projecto com dia Mundial da Criança, comemorado a um de Junho, e por excelência um dia em que o tratamento destes casos inunda a comunicação social. Com este tema pretendemos: · Perceber as lógicas de funcionamento das várias organizações e associações e quem as tutela; — “Crianças assinaladas como de risco” mas quem as assinala?; — Processo de detecção dos vários casos; — Diferentes formas de actuar dos organismos em causa; — Papel da Câmara Municipal de Braga nestes processos; — Entender o fenómeno com a ajuda de psicólogos e sociólogos; — Carências no processo de resolução dos casos; — Conhecer estórias. Para a elaboração deste projecto, há um conjunto de pessoas com quem será imprescindível falar. Os técnicos do CAT, que nos acompanharão no desenvolvimento deste trabalho, serão sem dúvida indispensáveis, juntamente com psicólogos e sociólogos que nos possam ajudar a compreender o surgimento deste fenómeno. Sabemos também, devido a algum trabalho de campo que já realizamos, que é conveniente falarmos com a CPCJ - Comissão de Protecção de Crianças e Jovens. Falaremos, por isso, com a Dra. Fátima Soeiro (Presidente). Contaremos, também, com a ajuda do Dr. Alfredo Cardoso, responsável pelo gabinete de apoio à presidência da Câmara Municipal de Braga, que por ter um vasto conhecimento de todos os lares que acolhem crianças em risco, em braga, se revelou uma peça chave na nossa pesquisa. Como não podia deixar de ser, efectuaremos também contacto com o responsável pela área social da CMB e com as crianças e técnicos do CAT. Finalmente também iremos tentar perceber qual o papel da PSP nestes casos. Quanto aos suportes do trabalho, não nos restam dúvidas de que a nossa formação em imprensa nos servirá para o contacto com as crianças, uma vez que nos foi, desde o primeiro momento, informado que seria impossível usar câmaras ou gravadores com elas. Assim, escreveremos uma reportagem a contar com é um dia das crianças no lar de acolhimento e também contaremos algumas das suas estórias. A formação em televisão será utilizada com algumas entrevistas que já nos foram prometidas (presidente do CPCJ e o responsável pelo gabinete de apoio à presidência, o Dr. Alfredo Cardoso, bem como outras que tentaremos visto revelarem-se oportunas para o trabalho (algumas das quais já foram reveladas anteriormente quando mostramos as nossas intenções de com quem iremos falar). Para rádio pensamos em desenvolver uma espécie de revista de imprensa, onde noticiaremos acontecimentos, tanto nacional como regional, que se relacionem com o tema. A internet será uma ferramenta indispensável, para levar os leitores do nosso trabalho a saber mais, a partir de vários sites que pensamos em sugerir e que podem ajudar a explicar o percurso de uma criança em risco. A infografia, possivelmente, será uma galeria de fotos elucidativa. Teremos também um blogue, já por nós criado, e que nada mais é do que um diário, onde contamos o dia-a-dia do desenvolvimento deste trabalho. Trata-se de um blogue numa linguagem corrente e muito opinativa, cujo endereço é http://www.capitaes-de-areia.blogspot.com/. Para além do já referido blogue criaremos, numa fase mais avançada, um outro que servirá de suporto para a publicação do nosso trabalho final. Mais elaborado, este permitirá, igualmente, a ligação a outros endereços que consideremos pertinentes, a consulta de documentos que achemos importantes para a compreensão do trabalho (faremos, por isso, uma espécie de arquivo), contactos úteis e um espaço de discussão.

Mudança de planos

Hoje foi o dia da visita ao Centro Cultural e Social de St. Adrião. Nem uma semana passou, e já nos deparamos com o primeiro problema. Depois de algum esforço para encontrar o dito centro, entramos na secretaria e explicamos (mais uma vez!) o motivo da nossa visita. Pediram-nos que aguardássemos enquanto verificavam se estava alguém disponível para nos atender. "Podem subir, viram já aqui à direita, sobem e tem la uma placa a dizer LAR e CAT, é aí". Andamos uns metros e encontramos a dita placa. À entrada estavam umas senhoras a limpar e uma delas logo se apressou a perguntar o que queríamos: "Somos alunas da UM, blá blá blá..." (mais uma vez). Mandaram-nos subir umas escadas, já la estava uma senhora à nossa espera. Teresa é uma das responsáveis pelo CAT. Mas o que é o CAT afinal? A funcionar nas instalações do CCS de St. Adrião, o CAT é o Centro de Acolhimento Temporário, de crianças em risco. Fomos levadas para uma salinha e novamente o be-à-bá da visita. A partir do primeiro momento de conversa, as nossas intenções foram deitadas por terra, uma vez que, o Projecto que nos havia sido mencionado, o "Menino de Rua", já tinha terminado em...2005! E agora?! Nada estava perdido... Rapidamente decidimos que o nosso trabalho seria sobre algo, dentro da mesma temática, mas mais amplo: CRIANÇAS DE RISCO. Sendo assim, o CAT prontificou-se a ajudar-nos, contudo teremos que fazer um pedido formal, por carta, dirigido ao Presidente. Formalismos... Poderemos acompanhar de perto as actividades, as lógicas de funcionamento e a vida das 45 crianças, que se encontram a residir no CAT. Agradecemos, voltamos a fazer mais uns quantos km a pé e metemos mãos à obra. Amanhã é a apresentação do projecto (que em breve disponibilizaremos aqui). Logo que nos seja dada carta branca, avançaremos.

Começar é sempre difícil...

Decidido e delineado o tema, chegava a altura de meter mãos à obras. Crianças assinaladas como casos de risco... E depois? Quem as "assinalou" como tal? Eis uma das nossas principais incógnitas. Como já tínhamos recolhido contactos de diversos organismos, que nos pudessem ajudar, decidimos dirigir-nos àquele que parecia ser o mais evidente envolvido neste fenómeno, falo nada mais nada menos que da Câmara Municipal de Braga. Fazendo uma breve visita pelo site (aqui vos deixo o endereço http://www.cm-braga.pt/), é fácil perceber como o supremo órgão do concelho se preocupa com as questões sociais. Ora aí esta, C.M de Braga! Dirigimo-nos lá e rapidamente fomos reencaminhadas para o departamento da Acção Social, que ficava a poucos metros dali. Encontrado o dito departamento conseguimos chegar a fala com uma assistente social, que muito bem nos recebeu. Explicamos-lhe o porquê da nossa visita e depressa percebemos que não tínhamos ido ao sítio certo... Pois é! Afinal aquele departamento nada faz, a não ser colaborar com as associações e instituições, que prestam apoio às crianças de risco. Contudo a viagem não foi perdida. Recebemos informações de que existiam organismos específicos que tratam este problema. Primeiro porque a assistente deu-nos indicação de onde poderíamos consultar o Plano de desenvolvimento social, desenvolvido pela câmara, até 2013, segundo porque sugeriu que voltássemos à sede da C.M de Braga para falarmos com alguém que seria capaz de nos disponibilizar uma lista de associações que trabalham no domínio social. Voltámos para trás. Quando lá chegamos pedimos informações a um polícia que estava no local, que nos indicou onde nos deveríamos dirigir. Subimos, e logo que tentamos chegar a fala com a senhora que estava lá para nos atender, a dona Estrela, ouvimos um "desculpem meninas mas vão ter que esperar porque o Dr. só chega lá para as 15h. Se quiserem esperar..." Como ainda faltava cerca de meia hora decidimos não desperdiça-la e aproveitar para visitar outro organismo, com quem considerava-mos essencial falar, a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Braga. Enquanto conversávamos sobre o assunto, eis que a dona Estrela diz: "- Vocês já foram a CPCJ? Provavelmente poderão ajudar-vos!". Nem mais, adivinhou. Rapidamente se prontificou a dizer-nos onde estava a funcionar o centro e como lá chegaríamos. Actualmente, o CPCJ encontra-se a funcionar na Junta da Sé. Era perto, tínhamos mais era que aproveitar! Não foi difícil encontra-la... À porta, inclusive, tinha indicações precisas do andar, onde o centro estava a funcionar. Entramos, explica-mos mais uma vez a nossa situação e pediram-nos para aguardar um bocadinho. Esperamos cerca de 10 minutos até sermos convidadas a entrar numa sala. Quem nos esperava era a Dra. Fátima Soeiro, presidente da CPCJ. Expusemos, mais uma vez, o problema, o qual foi respondido com muita clareza. Primeiro de tudo esclareceu-nos que as leis de actuação do centro são de acordo com a Lei de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo (que se encontrava para consulta em cima da mesa) e que a lógica de funcionamento daquele organismo eram as denúncias, que chegavam até eles. Essas denúncias partiam, não só de entidades institucionais, mas também, de vizinhos e até familiares. Todas as lógicas de actuação foram convenientemente explicadas e todas as nossas dúvidas foram esclarecidas. " Se é sobre crianças de rua que querem tratar, então o ideal é dirigirem-se ao Centro Cultural e Social de St. Adrião", disse. Foi um encontro deveras esclarecedor, e atendendo que a sua duração não foi para além dos dez minutos, o nosso objectivo estava mais que satisfeito. Despedimo-nos e agradecemos a disponibilidade. Antes de sairmos fomos, ainda, aconselhadas a consultar a lei 147/99 de 1 de Setembro. Estava na hora de voltar para a C.M de Braga para falarmos com o tal Dr. que, por incrível que pareça, nem nós sabíamos bem quem era... Chegamos. Três pessoas à nossa frente, o que nos obrigou a uma espera de cerca de meia hora. A nossa espera não foi em vão... Uma lista de instituições e associações não existia, mas existia alguém mais interessante para nos falar sobre elas, o Dr. Alfredo Cardoso, que se encontra no apoio (e que apoio!) à presidência. Descobrimos muito coisa, e criamos uma fila de espera de 8 pessoas!... Mais uma vez os esclarecimentos do porquê da nossa presença (já combinados à vez, por se estarem a tornar enfadonhos!)... "- Primeiro, há que esclarecer o que são crianças de risco", disse o Dr. Cardoso. Mais uma vez ouvimos aquilo que já sabíamos, porém cada vez se revelava um pormenor diferente... Até então ninguém havia mencionado os deficientes, coisa que o Dr. fez. Por entre dúvidas, conversas, opiniões e interrupções (pois o telefone não parava de tocar!) tínhamos construído nós a dita lista. No total foram mencionadas 6 instituições de apoio. Foi, de facto, uma excelente conversa! Mais uma vez nos foi confirmado que o Centro de St. Adrião era o local indicado para nos dirigir. Saímos com promessas de que voltaríamos e com promessas que seriamos bem recebidas, "para a próxima marquem uma hora para termos mais tempo para conversar", afirmou. Terminada mais uma visita, cada vez mais lúcidas estávamos. Agora não restavam dúvidas, o Centro Social de St. Adrião era o nosso próximo ponto de paragem. Já era tarde, não valia a pena lá ir. A informação já era muita e muito rica, corremos para casa para registar toda a informação para não corrermos o risco de que nada se perdesse. Tudo estava mais claro e encaminhado. Próxima paragem, Centro Social de St. Adrião.

Crianças de rua

A degradação do conceito de família é uma das maiores causas de instabilidade social. Vários são os motivos: divórcios, dificuldades económicas, problemas de alcoolismo e droga, entre outras questões que envolvem ambientes familiares numa teia de onde não se consegue sair. D. Antonino Dias, em declarações no site da comissão Episcopal do Laicado e Família, afirma que «Se não se apostar na família, se não se cuidar verdadeiramente da família, da sua estabilidade e dos seus valores, jamais serão resolvidos os problemas que atormentam a nossa sociedade e as próprias famílias. Se não se atacarem as causas, iremos passar a vida a remediar os efeitos com aspirinas que só causarão insónias e mais dores de cabeça». Acrescentando ainda que: «A família é, foi e será o núcleo fundamental da sociedade. É a família que tem papel determinante na transmissão de valores, na recepção gradual de regras de comportamento e de respeito mútuo. Há vozes que se levantam, e bem, contra a precariedade e a instabilidade do emprego, contra a falta de condições existenciais na diversidade das suas dimensões e que também perturbam a família”. No entanto, há que ter em conta que nesta problemática as crianças são o ser mais frágil, sendo elas quem mais sofre. Devido a estas dificuldades no seio familiar a criança muitas vezes é colocada numa situação de risco, e o risco pode ser evidenciado de várias formas, como por exemplo na saúde, educação e na alimentação. O risco condiciona o desenvolvimento integral da criança e dificulta a sua inserção na sociedade de forma integrada e saudável. O risco pode também estar associado a itinerários de vida que não permitem a criança adquirir um desenvolvimento psicológico, uma aprendizagem de comportamentos e uma aquisição de competências, como também à ausência de experiências positivas, ou até mesmo à percepção negativa que a criança tem de si. Pode assim definir-se por crianças de risco: • Crianças vítimas de maus-tratos • Crianças em absentismo / insucesso escolar • Crianças pertencentes a minorias étnicas • Crianças de meios desfavorecidos • Crianças integradas em famílias disfuncionais No surgimento destas situações há um tipo de crianças que terá um principal interesse e destaque por nossa parte: as crianças de rua, conceito que queremos desde já esclarecer. Crianças de rua é o termo usado para nos referirmos a crianças e adolescentes que se encontram em situação de vulnerabilidade pessoal e/ou social e que, nessas condições, estão expostos a diversos riscos como: violência (física e sexual), uso de drogas (lícitas e ilícitas), exploração como mão-de-obra infanto-juvenil, má nutrição e diversas doenças. Essas crianças podem ou não ainda manter vínculos com suas famílias e, dada a fragilidade dos mesmos, vivem a maior parte de seu tempo na rua, tornando mais frágeis seus vínculos simbólicos e afectivos (definição retirada da wikipédia).